A HIBRISTOFILIA SOB A ÓTICA DA PSICANÁLISE

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a hibristofilia sob a perspectiva da Psicanálise, buscando compreender os mecanismos inconscientes que levam certos sujeitos a desenvolverem atração ou desejo por indivíduos que praticaram atos de violência, criminalidade ou transgressão social. Este artigo examina a hibristofilia, a atração afetivo-sexual por indivíduos que cometeram crimes graves. A partir da psicanálise, o fenômeno é discutido sob diferentes perspectivas teóricas: Freud (1905, 1914, 1920, 1923), Klein (1935, 1946),  Lacan (1962, 1964) e Winnicott (1958). Esses referenciais permitem compreender a atração por figuras perigosas como efeito da articulação entre conflitos intrapsíquicos, modos de vínculo e organização do desejo. Metodologicamente, o estudo adota revisão bibliográfica qualitativa, selecionando autores clássicos da psicanálise e a literatura sexológica de Money (1975), dada sua relevância histórica e conceitual. A justificativa sustenta a importância do tema na atualidade, considerando o aumento do interesse social por casos envolvendo criminosos famosos e a escassez de estudos teóricos no contexto brasileiro. Conclui-se que a hibristofilia é um fenômeno multideterminado que ultrapassa explicações moralistas ou patologizantes simples, constituindo expressão complexa da subjetividade contemporânea. O trabalho contribui para o campo acadêmico ao oferecer bases teóricas integradas para futuras pesquisas clínicas, forenses e psicológicas sobre sexualidade, violência e escolha amorosa. A análise propõe uma leitura que ultrapassa explicações simplistas ou moralizantes, entendendo a hibristofilia como uma expressão complexa do inconsciente e das formações pulsionais do sujeito. Desse modo, evidencia-se que a escolha do objeto amoroso é atravessada por estruturas inconscientes e não apenas por fatores conscientes ou racionais.