ATENDIMENTO ONLINE: A RECUSA AO ENCONTRO TERAPÊUTICO COMO UMA PREFERÊNCIA PELA DISTÂNCIA E A NÃO PROXIMIDADE FÍSICA COM O ANALISTA

Resumo

O presente estudo trata de um exercício de reflexão sobre os princípios da Psicanálise e a possibilidade de efetivo tratamento mediado pelas tecnologias de comunicação, que têm sido preferidas pelos pacientes mesmo após o fim do isolamento social do período pandêmico. Nesse sentido, a preferência do não-contato com o outro percebido é analisado mediante o trabalho sociológico de Elias Canetti sobre a relação entre indivíduo e massas, realizado em diálogo com a obra de Freud. Neste artigo foi utilizado o método de revisão bibliográfica da obra freudiana e dos estudos que se seguiram dos princípios mais importantes da psicanálise, como inconsciente, associação livre, atenção flutuante e transferência; e realizado um diálogo com a obra de Elias Canetti sobre o temor do contato entre os indivíduos e a relação com a massa; bem como com a leitura dos artigos acadêmicos mais recentes que tratam das mudanças que o período pandêmico causou à forma do tratamento psicanalítico. Os elementos percebidos na prática terapêutica realizada de forma remota pela autora também estão presentes na busca da compreensão da preferência de muitos pacientes pela continuidade da modalidade remota para além dos motivos em torno do comodismo, refletindo sobre o paciente como um ser social que pode apresentar como em dos elementos de sua complexidade, superdimensionado pelo afastamento social empregado por vários meses para evitar contágio de covid-19, o pavor do contato com o Outro. Nesse sentido, conclui-se que o desejo de manter a distância física, inclusive no set terapêutico, é parte do processo psíquico do paciente que deve ser respeitado e trabalhado, aproveitando os recursos tecnológicos disponíveis para que se exerça a clínica psicanalítica.