CONGELAR A DEMANDA EXCESSIVA DO OUTRO: O LUGAR DA DEMANDA NA PSICANÁLISE COM CRIANÇAS

Resumo

O percurso teórico delineado será entrelaçado à construção de um caso clínico atendido na clínica-escola do Centro Universitário Redentor (Itaperuna/RJ) ao longo da disciplina de Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica. Tal caso elucida a questão norteadora deste trabalho: qual o lugar da demanda dos pais ou responsáveis na prática com crianças? Partindo disso, cabe investigar a forma como a demanda ressoa na prática clínica com crianças e seus pais ou responsáveis. Para isso, se faz necessário diferenciar os conceitos de necessidade, demanda e desejo para a Psicanálise, com base no referencial de Jacques Lacan. É também imprescindível compreender o inevitável e, em muitos casos, tempestuoso lugar dos pais ou responsáveis na clínica com crianças, condição com a qual o praticante tem que se a ver ao longo de todo o tratamento e, por fim, verificar o lugar que a demanda do Outro ocupa e suas relações com o sintoma. Em meio a esse debate é preciso ainda que o profissional, diante das particularidades dos sintomas e significantes que irrompem na brincadeira engendrada na cena analítica, posicione-se de maneira a identificar e diferenciar o sintoma da criança do sintoma na criança. Nesse sentido, é fundamental que ele participe e intervenha com a criança dentro da brincadeira, utilizando-se dos jogos e das histórias e encenações ali escritas e desenhadas, que são engendradas a partir da transferência que se estabelece. Em vista disso, e considerando também que tais demandas com frequência possuem um caráter imediatista, é necessário compreender que o caminho a ser trilhado em um caso depende, dentre outros fatores, das especificidades dos sintomas, das condições impostas pelo local em que se dá o tratamento e da disposição posta em ato pelo analista em reinventar suas intervenções. Espera-se, portanto, contribuir para a exploração de novos caminhos na prática clínica com crianças e sua relação com os pais ou responsáveis, além de pensar sobre novos modos de atuação do analista diante da problemática inserida pela demanda no setting clínico.