IMPACTO DO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL DURANTE AS CONSULTAS DE PUERICULTURA SOBRE O CRESCIMENTO E A PREVENÇÃO DE ANEMIA EM LACTENTES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS

Resumen

Antecedentes: As consultas de puericultura são oportunidades fundamentais para intervenções preventivas na primeira infância. No entanto, ainda há incerteza sobre o impacto do aconselhamento nutricional oferecido nessas consultas sobre o crescimento, a anemia e as práticas alimentares em lactentes. Métodos: Revisão sistemática prospectiva com protocolo registrado. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados com lactentes de 0 a 24 meses que avaliaram o aconselhamento nutricional em consultas de puericultura versus comparador (cuidados habituais ou outra intervenção). As buscas foram realizadas em bases de dados eletrônicas, com triagem e extração de dados em duplicata; o risco de viés foi avaliado com o instrumento RoB 2.0. Foi definida uma análise primária (estudos com aconselhamento predominante, n=4) e uma análise de sensibilidade (incluindo 2 ensaios com suplementação). Resultados: Dos 280 registros identificados, 190 foram únicos e triados; 10 textos completos foram avaliados e 6 ensaios (publicados entre 2017–2024) foram incluídos. Tamanho amostral combinado: 4.069 participantes (análise primária) e 8.446 incluindo a sensibilidade. O aconselhamento produziu melhorias consistentes nas práticas alimentares (maior taxa de aleitamento materno exclusivo, início mais precoce, maior frequência e diversidade alimentar). Foram observados efeitos positivos modestos sobre indicadores antropométricos no curto e médio prazo (≤24 meses), que tendem a se atenuar em acompanhamentos mais longos (>24–36 meses). Nos ensaios que mediram hemoglobina, o aconselhamento isolado não aumentou os níveis nem reduziu a prevalência de anemia; reduções foram registradas apenas nos grupos que incluíam suplementação nutricional (ex.: LNS). Conclusões: O aconselhamento nutricional nas consultas de puericultura é eficaz para melhorar as práticas alimentares e pode gerar benefícios modestos no crescimento a curto prazo, mas não é suficiente para prevenir a anemia ferropriva em contextos de risco sem suplementação ou fortificação. Recomenda-se uma abordagem integrada que combine educação com a oferta direta de micronutrientes, quando indicado.