UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DOI:
https://doi.org/10.51891/rease.v11i11.21971Palavras-chave:
Educação Infantil. Aprendizagem. Ludicidade. Práticas pedagógicas.Resumo
: O estudo sobre a importância do lúdico na educação infantil é um tema bem amplo. Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar as contribuições e como acontece o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil através do lúdico. E, como objetivos específicos, analisar em meio ao contexto educacional, as atividades lúdicas propostas para a educação infantil; investigar como o ato de brincar está inserido na prática pedagógica de professores de creche e relatar a percepção dos professores, facilitadores e entraves do emprego da ludicidade no processo de construção do conhecimento da criança pequena. O trabalho é relevante, uma vez que refletir sobre ludicidade ainda é um tema bastante questionado por muitos educadores no momento em que as crianças de creche passam a serem vistas como um ser pensante, capazes de transformar e alterar o meio que está inserido. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) orienta um conjunto das aprendizagens essenciais a partir da organização curricular em seis campos de experienciais: o direito de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se como forma de atingir seus objetivos de aprendizagem e interagir na sociedade (BRASIL, 2018). Nesse sentido, fica evidente o emprego da ludicidade para permear o trabalho pedagógico com crianças pequenas contribuindo positivamente com seu pleno desenvolvendo. Por outro lado, o professor deve estar consciente do seu importante papel, atuando como professor mediador e tornando a criança protagonista de sua própria história. A pesquisa foi elaborada com abordagem quali-quantitativa e caráter descritivo, envolvendo nove professoras da Educação Infantil de duas escolas do interior de Pernambuco: cinco da Escola Júlia Oliveira, localizada na cidade de Santa Cruz do Capibaribe e quatro professoras da Creche Raimunda em Brejo da Madre de Deus, ambas no Agreste de Pernambuco. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas. Após a coleta dos dados, foi feita a leitura de todo material e compiladas as principais informações e realizada uma análise descritiva das informações obtidas. A apresentação dos resultados se deu por meio de gráficos e tabelas, obtidos a partir dos questionários aplicados com os professores das escolas. Os resultados foram analisados e discutidos de acordo com as concepções de teóricos a fim de validar as conclusões do estudo. Os resultados apontam que 100% das professoras participantes da pesquisa utilizam o lúdico em sua prática pedagógica e, assim sendo, com o propósito de as respondentes justificarem, espontaneamente, essa opção, foi perguntado o porquê de a ludicidade, a exemplo de jogos e brincadeiras, permearem o trabalho na escola. Constatou-se que: ¬ 40% responderam envolver os conteúdos numa prática lúdica para melhor compreensão dos alunos. Quanto a isso Gulinelli (2008, p.10) afirma que o uso do lúdico pode permitir um trabalho pedagógico que possibilite a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento, pois, brincando, a criança aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento saudável. ¬ 34% usam o lúdico para estimular o interesse dos alunos. Como bem elucida Sant’Anna e Nascimento (2001, p. 20), o lúdico passou a ser entendido como aquilo que desperta o prazer, uma vez que estimula a criatividade e desenvolvimento do conhecimento. Dessa forma, o docente é responsável pela sistematização do processo de aprendizagem, podendo oportunizar as crianças uma forma dinâmica e prazerosa de aprender, pois, a educação pela via da ludicidade propõe um aprender brincando. ¬ 22% disseram utilizar o lúdico por meio de materiais concretos. Turrioni e Perrez (2009, p. 61) também confirmam a importância do material concreto como aliado no processo de ensino e aprendizagem ao afirmar que o material concreto exerce papel importante na aprendizagem, uma vez que facilita a observação e a análise, desenvolve o raciocínio lógico, crítico e científico, é essencial para o ensino. Por outro lado, Rau (2007, p. 49) Luckesi (2018, p.16-17) ressalta que “para ser utilizado como recurso pedagógico, o lúdico precisa ser contextualizado significativamente para o aluno por meio da utilização de materiais concretos e da atenção à sua historicidade.” Isto é, ao definir o jogo ou a atividade lúdica o professor precisa conhecer a funcionalidade do recurso escolhido, sua aplicabilidade e a relação que este recurso pode fazer com o conteúdo trabalhado e os objetivos educacionais pretendidos. ¬ 4% para deixar as aulas divertidas. A observação remete ao que sugere Fortuna (2000, p. 160): “Sala de aula é um lugar de brincar se o professor consegue conciliar o objetivo pedagógico com os desejos do aluno”. No entanto, ao se trabalhar com ludicidade, é necessário encontrar equilíbrio entre o cumprimento de suas funções pedagógicas e contribuir para o desenvolvimento da subjetividade para a construção do ser humano autônomo e criativo. A pesquisa questionou sobre a disponibilidade de material oferecido pela escola para que o trabalho docente seja realizado com o objetivo garantir a utilização do lúdico como uma estratégia propícia para que o processo de ensino e aprendizagem flua de forma dinâmica e divertida, possibilitando um ambiente de criatividade e desafiador. Os resultados mostraram que 45% dos participantes responderam que sim; 44% disseram que não e 11% responderam que em partes oferecem. Apesar das dificuldades de obter os recursos destinados ao trabalho com a ludicidade, acredita-se que o esforço e a criatividade das professoras prevalecem diante de todas essas barreiras, visto que em algumas situações elas citam que retiram do próprio orçamento pessoal para comprar alguns materiais necessários. Ao longo da pesquisa foi indagado sobre quais atividades lúdicas as professoras costumam usar e, espontaneamente, elas informaram: pintura; música; cantigas de roda; contação de história; teatro com fantoche; brincadeiras; experimentos e desafios de motricidade para estímulo da coordenação motora e viso-motora, seja por meio da dança, ou uso de massinha de modelar, ou recorte e colagem; mímicas; jogos ludopedagógicos como, por exemplo, com blocos lógicos coloridos de encaixe, ou de madeira para empilhar, ou quebra-cabeça dos números e vogais, dominó colorido, boliche de garrafa, bambolê e muitos jogos feitos com materiais recicláveis sempre voltados para o desenvolvimento da criatividade; imaginação e a comunicação. Todas as participantes da pesquisa afirmam realizar o planejamento a partir de pesquisas e orientações da Secretaria Municipal de Educação como de coordenadores escolares. Algumas citaram a importância das reuniões para as experiências exitosas dos colegas sejam repassadas e, assim, também sejam aplicadas em outras turmas. O planejamento é, portanto, uma forma de traçar metas e objetivos para que sejam alcançados. Seguir um plano é parte essencial para que o professor organize seu trabalho, tendo em vista o que deseja. O professor poderá refletir sobre suas intenções e sobre suas ações, seja na Educação Infantil ou em qualquer outra etapa da educação, uma vez que pode extrair diversas informações importantes que poderão auxiliá-lo em seu planejamento com a turma, pensando em suas necessidades. A prática de planejar depende de diversos fatores, tais como a concepção de educação, o currículo e o conhecimento. Assim como o planejamento, a avaliação também é de suma importância no processo de ensino e aprendizagem, pois é por meio do avaliar que o professor consegue analisar os resultados de sua prática, seja para verificar se suas estratégias de ensino foram bem aplicadas ou se os alunos alcançaram a aprendizagem de uma forma significativa. Considerando as respostas obtidas, constata-se que as professoras realizam a avaliação contínua cotidianamente, de forma processual, gradativa e principalmente sem fins promocionais, como deve ocorrer na educação infantil. A conclusão do estudo reforça o lúdico como relevante para a aprendizagem de crianças pequenas, contribuindo para o seu desenvolvimento físico, mental e intelectual. Por meio das análises e das discussões dos resultados obtidos, percebeu-se que ainda existem dificuldades que impedem de o professor de realizar atividades diferenciadas, através de jogos e brincadeiras, uma vez que boa parte das professoras entrevistadas não recebem os materiais didáticos necessários e acabam comprando com seus recursos próprios. Cabe ao professor apropriar-se de teorias, métodos, técnicas e recursos didáticos para que possa, mediante sua competência, estabelecer uma relação de autonomia no trabalho, criando propostas de intervenção pedagógicas e lançando mão de recursos e conhecimentos pessoais disponíveis no contexto integrado, saberes, sensibilidade e intencionalidade para responder a situações reais, complexas e diferenciadas, sempre tendo como foco a aprendizagem e desenvolvimento das crianças na Educação Infantil.
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