A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO ENSINO FORMAL NAS PRISÕES

Autores

  • Tiago Ferreira Machado Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR)
  • Elias Vargas Ramm Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
  • Claudio Emir  Bergmann Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)
  • Cleidson Ferreira dos Santos Universidade da Região da Campanha (URCAMP)

Palavras-chave:

Sistema prisional. Educação dos detentos. Ressocialização.

Resumo

A educação é um dos pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. No entanto, quando se trata da população carcerária, a garantia desse direito ainda enfrenta inúmeros desafios, desde a ausência de políticas públicas eficazes até as barreiras estruturais dentro das unidades prisionais. O livro A Importância da Prática do Ensino Formal nas Prisões busca aprofundar essa questão, oferecendo uma análise crítica sobre o papel da educação no sistema prisional e sua relevância para a reintegração social dos apenados.

Ao longo dos capítulos, são discutidos aspectos essenciais para compreender o contexto da educação formal dentro das prisões, incluindo as desigualdades sociais que impactam o acesso ao ensino, as dificuldades enfrentadas no ambiente prisional e os benefícios da educação na redução da reincidência criminal. A proposta central da obra é evidenciar como o ensino pode ser um instrumento de transformação, não apenas para os indivíduos encarcerados, mas também para a sociedade como um todo.

O Capítulo 1, Educação, Desigualdade e Sistema Prisional: Reflexões sobre o Acesso à Educação e o Papel da Punição na Sociedade, apresenta um panorama das desigualdades educacionais que antecedem o encarceramento. Dados demonstram que a maioria das pessoas privadas de liberdade tem um histórico de escolaridade precária, muitas vezes interrompida na infância ou adolescência. Essa realidade reflete um problema estrutural, no qual a falta de acesso à educação está diretamente relacionada à vulnerabilidade social e ao aumento da criminalidade.

Além disso, esse capítulo aborda a forma como a sociedade encara a punição e a ressocialização. Em muitos casos, a população carcerária é vista como irrecuperável, reforçando políticas punitivistas que pouco contribuem para a reinserção social. Ao analisar as concepções sobre punição e educação, percebe-se que o ensino pode desempenhar um papel fundamental na reconstrução da identidade dos detentos, oferecendo-lhes novas perspectivas e oportunidades.

No Capítulo 2, Complexidade Estrutural nos Estabelecimentos Prisionais, são exploradas as dificuldades concretas para a implementação da educação dentro das unidades prisionais. Muitos presídios não possuem salas de aula adequadas, professores capacitados para atuar nesse contexto ou mesmo materiais didáticos suficientes. Além disso, a rotina carcerária impõe desafios que dificultam o engajamento dos detentos no ensino formal.

Outro aspecto abordado nesse capítulo é a resistência institucional e social à educação nas prisões. Em algumas unidades, a oferta de ensino ainda é vista como um privilégio e não como um direito, o que resulta na falta de incentivo para a criação e manutenção de programas educacionais. A superlotação carcerária e a violência interna também são fatores que dificultam o desenvolvimento de atividades pedagógicas contínuas e estruturadas.

Já no  capítulo 3, educação e sua Oferta no Ambiente Prisional, apresenta um panorama das políticas públicas voltadas à educação prisional no Brasil. A legislação brasileira prevê o direito à educação para pessoas privadas de liberdade, mas a implementação dessas políticas ainda é desigual entre os estados e municípios. Programas como a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) são algumas das iniciativas que buscam garantir esse direito.

Apesar dessas iniciativas, os desafios são inúmeros. A rotatividade dos presos, a falta de continuidade nos programas educacionais e a ausência de acompanhamento pedagógico adequado comprometem a eficácia da educação no sistema prisional. Além disso, há uma carência de políticas que incentivem a continuidade dos estudos após a saída da prisão, o que limita as oportunidades de reintegração social.

Este capítulo também discute o impacto positivo da educação na vida dos detentos. Estudos apontam que a oferta de ensino nas prisões contribui significativamente para a redução da reincidência criminal, pois possibilita a construção de novas perspectivas de vida. Detentos que têm acesso à educação desenvolvem maior autonomia, ampliam suas habilidades cognitivas e adquirem ferramentas para ingressar no mercado de trabalho após o cumprimento da pena.

Além da formação acadêmica, a educação prisional também desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e psicológico dos detentos. O ambiente de aprendizagem possibilita reflexões sobre o passado, incentiva a construção de novos projetos de vida e promove a valorização da dignidade humana. Esse processo é essencial para que a pessoa encarcerada se enxergue como um indivíduo capaz de superar sua trajetória criminal e se reintegrar à sociedade.

É importante ressaltar que a educação prisional não deve ser vista apenas como uma medida paliativa, mas sim como uma política pública estruturada e contínua. A democratização do ensino dentro das prisões exige investimentos em infraestrutura, capacitação docente e estratégias pedagógicas que considerem as especificidades desse público.

Além disso, é fundamental que a sociedade como um todo compreenda a importância da educação para a reintegração dos detentos. Muitas vezes, a resistência à oferta de ensino no ambiente prisional vem de uma visão punitivista que desconsidera o potencial transformador da educação. Ao garantir o direito ao ensino, estamos investindo na construção de um sistema penal mais humanizado e eficiente.

Diante do exposto, A Importância da Prática do Ensino Formal nas Prisões busca contribuir para o debate sobre o papel da educação no sistema carcerário, trazendo reflexões baseadas em estudos, dados e experiências concretas. A obra enfatiza que a educação é um direito inalienável e que sua implementação nas prisões não apenas beneficia os indivíduos encarcerados, mas também fortalece a segurança pública e a coesão social.

Que este livro sirva como um instrumento de conscientização e mobilização, incentivando a implementação de políticas mais eficazes para a educação no sistema prisional. O ensino nas prisões não deve ser visto como um privilégio, mas sim como uma ferramenta essencial para a construção de um futuro mais justo e inclusivo.

Tiago Ferreira Machado

Elias Vargas Ramm

Claudio Emir Bergmann 

Cleidson Ferreira dos Santos

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Biografia do Autor

Tiago Ferreira Machado, Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR)

Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas – Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR).

Elias Vargas Ramm, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Tecnólogo em Gestão Pública – Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Claudio Emir  Bergmann, Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)

Licenciado em História - Universidade Católica de Pelotas (UCPEL).

Cleidson Ferreira dos Santos, Universidade da Região da Campanha (URCAMP)

Licenciado em Matemática – Universidade da Região da Campanha (URCAMP).

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Publicado

2025-02-17

Como Citar

Machado, T. F., Ramm, E. V., Bergmann, C. E., & Santos, C. F. dos. (2025). A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO ENSINO FORMAL NAS PRISÕES. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 23–63. Recuperado de https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/18166

Edição

Seção

E-books

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