MANEJO CLÍNICO E ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA SÍNDROME DE BEHÇET

Resumo

A Síndrome de Behçet é uma doença inflamatória multissistêmica que desafia a prática clínica pela complexidade de suas manifestações e pela ausência de um fator etiológico único. Embora sua causa permaneça desconhecida, acredita-se que uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais conduza a uma resposta imune desregulada, particularmente em populações ao longo da antiga Rota da Seda, mas com casos identificados mundialmente. Caracteriza-se por sintomas variados, incluindo úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte, acometimento neurológico e manifestações vasculares, o que torna o diagnóstico difícil e, muitas vezes, tardio. Nos últimos anos, avanços no tratamento foram alcançados, impulsionados por diretrizes como as da EULAR, que orientam o uso de corticosteroides e imunossupressores para o manejo das inflamações mais graves. Em casos refratários, agentes biológicos, como o infliximabe, têm sido eficazes, especialmente no acometimento ocular e vascular, áreas de risco para sequelas como perda visual e eventos tromboembólicos. Esses avanços não apenas otimizam o controle inflamatório, mas também reduzem o impacto das complicações a longo prazo. Dada a ampla gama de manifestações, a condição exige uma abordagem multidisciplinar, com equipes que englobam reumatologia, oftalmologia, neurologia e dermatologia, promovendo uma atenção integral ao paciente. Este artigo revisa criticamente as abordagens terapêuticas e os desafios enfrentados no manejo clínico, enfatizando a importância de um tratamento individualizado e atualizado com base nos mais recentes avanços em terapias imunobiológicas, fundamentais para um cuidado mais eficaz e direcionado.