CIRURGIA PLÁSTICA GENITAL FEMININA: QUANDO O DESEJO ESTÉTICO SUPERA A INDICAÇÃO TERAPÊUTICA
DOI:
https://doi.org/10.51891/rease.v11i10.21693Palavras-chave:
Cirurgia plástica. Genital. Feminina.Resumo
Este resumo tem como objetivo revisar a literatura mais recente e atual acerca do crescimento e difusão da cirurgia plástica genital feminina (CPGF) somente para fins estéticos e desconsiderando a importância da indicação clínica. O presente estudo tem como objetivo revisar criticamente a literatura recente acerca da expansão e da popularização da cirurgia plástica genital feminina (CPGF) quando realizada unicamente para fins estéticos, desvinculada de indicações clínicas formais. Tal prática tem se consolidado decorrente de preocupações funcionais, sexuais e relacionadas à aparência, uma vez que o acesso à informação tem sido cada vez mais facilitado pelo uso crescente da Internet e suas redes sociais, favorecendo um contato e influência maiores à padrões estéticos, tanto do corpo físico quanto da genitália. Estudos revelam que a recente implementação desta prática cirúrgica somado ao amplo público interessado, sendo este predominantemente de jovens adultas, juntamente importantes lacunas metodológicas e ausência de padronização técnica, o que eleva o risco da CPGF e compromete a reprodutibilidade de seus resultados. Ademais, a cirurgia íntima voltada à reparação anatômica e funcional de sequelas decorrentes da mutilação genital feminina — prática tradicional de determinados grupos étnicos — não se insere no escopo desta revisão, por possuir indicação terapêutica legítima e finalidade restauradora. Conclui-se que a CPGF, quando motivada exclusivamente por razões estéticas, representa um fenômeno de crescente medicalização da aparência, no qual características fisiológicas são interpretadas como defeitos a serem corrigidos. Essa lógica desloca o foco do cuidado em saúde, transformando-o em instrumento de conformidade estética e aprovação social, o que exige reflexão ética, crítica e interdisciplinar sobre os limites entre autonomia corporal, influência cultural e prática médica responsável.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Categorias
Licença
Atribuição CC BY