EQUIDADE E INCLUSÃO ESCOLAR: O PAPEL DOS ESTAGIÁRIOS DE APOIO NA REDE PÚBLICA DE OLINDA-PE

Resumo

A busca por equidade tem orientado as políticas educacionais brasileiras e consolidado a inclusão escolar como um princípio essencial da educação contemporânea. Garantir a matrícula de alunos com deficiência é apenas o primeiro passo, a inclusão implica oferecer condições efetivas de participação, aprendizagem e desenvolvimento, em consonância com os princípios legais e pedagógicos que estruturam a educação básica no país. No entanto, entre a legislação e a realidade das escolas públicas, ainda persistem lacunas que revelam a necessidade de estratégias concretas para viabilizar uma educação verdadeiramente inclusiva. Nesse cenário, os estagiários de apoio assumem papel relevante como mediadores no processo de construção de práticas pedagógicas inclusivas, atuando diretamente com estudantes com deficiência e colaborando com professores no cotidiano escolar. Neste trabalho, procura-se analisar a atuação dos estagiários de apoio na Rede Municipal de Ensino de Olinda-PE, tomando como referência a Escola Municipal Claudino Leal, que atende aproximadamente 756 estudantes, dos quais 58 são identificados com algum tipo de deficiência. Nessa unidade, 26 estagiários atuam de forma distribuída entre os turnos manhã e tarde, evidenciando como esses profissionais em formação se tornaram elo indispensável para garantir que os estudantes participem de forma ativa no cotidiano da escola.. Conforme Mantoan (2003), a inclusão escolar não se resume à presença física do estudante em sala de aula, mas exige a transformação da cultura pedagógica para acolher a diversidade. Nesse sentido, a atuação dos estagiários aproxima o discurso da prática, oferecendo suporte direto para que a escola cumpra sua função social de garantir equidade. Metodologicamente, o estudo apresenta abordagem qualitativa, utilizando questionários, entrevistas e observação participante como instrumentos de coleta de dados. Essa escolha possibilitou captar percepções, experiências e desafios enfrentados por estagiários, professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pela gestão escolar. Os achados indicam que, embora a atuação desses estagiários contribua para a mediação pedagógica, para a socialização e para a autonomia dos estudantes, ela ainda é marcada por limites significativos, como a ausência de formação específica, a insuficiência de materiais pedagógicos disponíveis, muitas vezes já desgastados e em quantidade inferior à demanda dos alunos. Tais aspectos dialogam com a análise de Sassaki (2009), que destaca a necessidade de eliminar barreiras físicas, atitudinais e institucionais para a plena efetivação da inclusão. Conclui-se que os estagiários de apoio constituem um recurso indispensável para a promoção da equidade educacional, colaborando com a construção de práticas pedagógicas inclusivas no cotidiano escolar. No entanto, sua atuação só alcançará pleno potencial caso sejam implementadas políticas públicas consistentes, capazes de garantir maior valorização, acompanhamento e condições adequadas de trabalho. Observa-se, assim, que os estagiários representam não apenas um suporte imediato aos estudantes, mas um sinal concreto de compromisso ético e político com uma escola pública que tenha a equidade como horizonte de ação.