EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS: VIVÊNCIAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO NA AMAZÔNIA ACREANA
Palabras clave:
Alfabetização. Aprendizagem escolar. Formação docente. PIBID.Resumen
As transformações educacionais em curso no Brasil têm exigido, cada vez mais, ações concretas, estruturadas e colaborativas entre as instituições formadoras e os sistemas públicos de ensino. Em especial, os desafios persistentes da alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental colocam em evidência a urgência de políticas e práticas pedagógicas que sejam sensíveis às realidades locais e efetivas no enfrentamento das desigualdades educacionais historicamente acumuladas e intensificadas, sobretudo, pelos impactos da pandemia da Covid-19.
Diante de indicadores que revelam níveis alarmantes de baixo desempenho em leitura e escrita entre estudantes dos primeiros anos da escolarização, este livro se apresenta como um subsídio relevante aos professores alfabetizadores, constituindo-se como uma contribuição consistente e comprometida com a formação docente e a melhoria da qualidade da educação básica, especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nesse contexto, é fundamental reconhecer que “a leitura na escola deve assumir uma função social, estética e política, promovendo a formação do leitor crítico e a valorização da linguagem como espaço de subjetivação e cidadania” (Enes Filho, 2018, p. 24), reafirmando o papel da escola como espaço de emancipação e construção de sentidos.
A obra resulta das ações desenvolvidas no projeto de extensão Alfabetização sem Barreiras, vinculado ao curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Acre – Campus Floresta, e articula as experiências vivenciadas pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), do subprojeto de alfabetização, em escolas públicas urbanas do município de Cruzeiro do Sul/AC.
A gênese deste projeto formativo foi um curso de extensão com carga horária de 60 horas, ofertado em novembro de 2024, estruturado em módulos temáticos que integravam fundamentos teóricos e orientações metodológicas baseadas nas demandas reais das escolas parceiras. Entre os temas abordados, destacaram-se: fundamentos da alfabetização e do letramento, consciência fonológica, psicogênese da língua escrita, avaliação diagnóstica e práticas pedagógicas mediadoras.
Esse curso de extensão foi planejado e organizado pelos professores da Universidade Federal do Acre – Campus Floresta, coordenadores de área dos quatro Núcleos de Iniciação à Docência (NID) do Pibid, vinculados ao curso de Pedagogia. As aulas foram planejadas e ministradas pelo Prof. Dr. Djalma Barboza Enes Filho, coordenador de área do NID de Alfabetização. A proposta contou ainda com a participação de assessores pedagógicos da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer (SEMEEL) de Cruzeiro do Sul, que apresentaram as diretrizes do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), bem como o plano emergencial municipal voltado à recomposição das aprendizagens.
Essa articulação entre universidade e rede pública municipal reforça o papel formativo do curso de extensão, ao integrar teoria, prática e políticas públicas educacionais em uma ação coletiva. Nessa perspectiva, reafirma-se o compromisso com uma educação pública de qualidade e socialmente referenciada, que valorize os saberes docentes e promova o direito à aprendizagem. Como destaca Enes Filho (2018, p. 22), “a escola pública pode e deve ser espaço de iniciação literária, considerando as experiências socioculturais dos alunos e mediando o acesso à leitura de qualidade como direito.”.
Com base nos conhecimentos construídos durante o curso, os bolsistas passaram a atuar semanalmente nas escolas parceiras, sob orientação de seus professores supervisores. As atividades desenvolvidas incluíram: elaboração de materiais didáticos contextualizados, planejamento e execução de sequências didáticas, mediação em rodas de leitura, atendimento individualizado a estudantes com defasagens em leitura e escrita, e realização de avaliações diagnósticas e formativas. Essa atuação permitiu a vivência da articulação entre teoria e prática em contextos escolares reais, desafiadores e potentes para o exercício da docência em formação.
Os bolsistas do NID de Alfabetização, ao final do processo, sistematizaram suas experiências em um relato reflexivo e analítico que compõe os capítulos deste livro. Os textos foram redigidos por acadêmicos, professores supervisores e pelo coordenador de área, Prof. Dr. Djalma Barboza Enes Filho, organizador desta obra. Em alguns capítulos, o leitor encontrará imagens que ilustram os percursos formativos vivenciados pelos bolsistas e suas turmas, contribuindo para uma compreensão mais sensível e concreta dos contextos de intervenção.
A estrutura do livro proporciona refletir a diversidade das experiências realizadas nas escolas parceiras, respeitando suas especificidades e enfatizando as estratégias pedagógicas utilizadas. Do ponto de vista da formação inicial docente, o projeto contribuiu para o desenvolvimento de competências profissionais essenciais, como a observação pedagógica, o planejamento coletivo, a análise de hipóteses de escrita e a elaboração de práticas alfabetizadoras alinhadas às diretrizes do CNCA e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Para as escolas, a presença dos pibidianos se mostrou enriquecedora, pois colaborou com o diagnóstico mais preciso das hipóteses de escrita das crianças, com a ampliação das estratégias de leitura e com a valorização do ambiente alfabetizador. Muitos supervisores destacaram que a formação recebida pelos bolsistas influenciou positivamente suas próprias práticas, evidenciando o caráter formativo mútuo do projeto.
A nível institucional, a experiência reafirma o relevante papel da Ufac – Campus Floresta como agente promotor de transformação social e educacional, ao construir pontes sólidas entre a universidade e a escola pública, entre a teoria acadêmica e as urgências pedagógicas cotidianas. O projeto Alfabetização sem Barreiras, ao articular extensão, iniciação à docência e compromisso social, consolida-se como um modelo eficaz de intervenção formativa e de impacto educacional.
Portanto, este capítulo introdutório apresenta a origem, os fundamentos e a proposta pedagógica do livro, reafirmando a alfabetização como direito fundamental e compromisso coletivo. Ao documentar, valorizar e refletir criticamente sobre as experiências vividas pelos pibidianos no chão da escola pública amazônica, esta obra busca não apenas compartilhar boas práticas, mas também inspirar outros educadores comprometidos com a justiça social, a equidade educacional e a formação de leitores e escritores desde os primeiros anos de escolarização.
Convidamos o leitor a percorrer os capítulos a seguir com escuta atenta e olhar sensível, reconhecendo neles o esforço coletivo de futuros professores que se preparam para atuar com responsabilidade, empatia e excelência na complexa e apaixonante tarefa de alfabetizar crianças brasileiras.
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