REOPERAÇÃO VALVAR EM PACIENTES COM HISTÓRICO DE FEBRE REUMÁTICA: ANÁLISE DAS COMPLICAÇÕES PÓS-CIRÚRGICAS E MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS PERSISTENTES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Resumen

Introdução: A febre reumática, sequela de infecções estreptocócicas, pode levar à doença cardíaca reumática (DCR), caracterizada por lesões inflamatórias progressivas que afetam primariamente as valvas cardíacas. Em crianças e adolescentes, a DCR frequentemente resulta em estenose e/ou regurgitação valvar significativa, necessitando de intervenção cirúrgica para restaurar a função hemodinâmica. Contudo, a natureza inflamatória e progressiva da DCR, combinada com o crescimento do paciente e a durabilidade limitada das próteses valvares, frequentemente implica na necessidade de múltiplas reoperações ao longo da vida, cada uma apresentando seus próprios desafios e riscos adicionais em comparação com a primeira cirurgia. Objetivo: O objetivo desta revisão sistemática da literatura foi analisar as complicações pós-cirúrgicas e as manifestações cardíacas persistentes observadas após reoperações valvares em pacientes pediátricos e adolescentes com histórico de febre reumática. Metodologia: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura seguindo os princípios do checklist PRISMA. A busca foi efetuada nas bases de dados eletrônicas PubMed, SciELO e Web of Science, utilizando os descritores: "Valve Reoperation", "Rheumatic Heart Disease", "Pediatrics", "Adolescent" e "Complications". Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos que abordavam o tema. Os critérios de inclusão consistiram em estudos envolvendo pacientes pediátricos ou adolescentes com histórico de febre reumática que foram submetidos a reoperação valvar e que reportaram complicações pós-cirúrgicas ou manifestações cardíacas persistentes. Foram excluídos estudos focados em primeiras cirurgias, pacientes exclusivamente adultos ou com outras etiologias de valvopatia. Resultados: Os estudos analisados indicaram que as reoperações valvares em pacientes pediátricos e adolescentes com DCR foram associadas a um risco significativamente maior de complicações perioperatórias, incluindo sangramento excessivo, infecções e disfunção miocárdica, em comparação com as cirurgias primárias. A durabilidade das próteses e o manejo da anticoagulação em válvulas mecânicas representaram desafios contínuos. Manifestações cardíacas persistentes após a reoperação frequentemente incluíram disfunção progressiva de outras valvas, arritmias atriais ou ventriculares e, em alguns casos, disfunção ventricular residual, refletindo a carga crônica da doença e a complexidade das intervenções repetidas. Conclusão: As reoperações valvares em crianças e adolescentes com doença cardíaca reumática apresentaram riscos perioperatórios elevados e foram frequentemente seguidas pela persistência ou desenvolvimento de novas manifestações cardíacas. Esta realidade sublinhou a natureza crônica e progressiva da DCR nesta população, indicando a necessidade de acompanhamento clínico rigoroso e antecipação de futuras intervenções, visando otimizar os resultados a longo prazo e a qualidade de vida.