HÍMEN IMPERFURADO EM ADOLESCENTE – DIAGNÓSTICO TARDIO DE UMA MALFORMAÇÃO CONGÊNITA FREQUENTE

Resumo

O hímen imperfurado é a malformação congênita mais comum do trato genital feminino, com prevalência estimada entre 0,05% e 0,1%. Trata-se de uma obstrução membranosa resultante da falha de canalização do seio urogenital durante o desenvolvimento embrionário. Frequentemente permanece assintomático até a menarca, quando o acúmulo de sangue menstrual leva à formação de hematocolpos e hematômetro, manifestando-se por dor pélvica progressiva, massa abdominal e sintomas urinários compressivos. Apesar do diagnóstico ser essencialmente clínico, atrasos são comuns e podem resultar em complicações como hidronefrose, infecções e dor crônica. Relata-se o caso de uma adolescente de 13 anos com dor abdominal baixa há dois meses, retenção urinária ocasional e amenorreia primária. O exame físico evidenciou massa hipogástrica e membrana himenal tensa, azulada e sem orifício central. Exames laboratoriais estavam normais, enquanto ultrassonografia transabdominal revelou hematocolpos e hematômetro, além de compressão da bexiga. Confirmado o diagnóstico de hímen imperfurado, a paciente foi submetida a himenectomia em cruz sob anestesia geral, com drenagem de aproximadamente 250 mL de sangue retido. A evolução pós-operatória foi satisfatória, com resolução dos sintomas e orientação adequada sobre saúde menstrual e fertilidade. Três meses após o procedimento, apresentou menstruação espontânea regular, sem recorrências. Este caso reforça a importância da suspeição clínica de malformações obstrutivas em adolescentes com amenorreia primária e dor pélvica. A inspeção cuidadosa dos genitais externos é fundamental para diagnóstico precoce, evitando complicações urinárias e ginecológicas. O tratamento cirúrgico simples e oportuno garante excelente prognóstico reprodutivo e melhora significativa da qualidade de vida.