PEDAGOGIA DA SOMBRA: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CÁRCERE COMO RESISTÊNCIA À DOMINAÇÃO PSICOQUÍMICA DA SUBJETIVIDADE
DOI:
https://doi.org/10.51891/rease.v11i12.22819Palavras-chave:
Educação de Jovens e Adultos. Cárcere. Medicalização. Sofrimento Psíquico. Paulo Freire. Pedagogia Social. Biopoder.Resumo
Este artigo, ancorado na Pedagogia Crítica e na Crítica Institucional, desvela a função ético-política da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no sistema prisional brasileiro. O objetivo é analisar a EJA prisional como um espaço de resistência simbólica e reconstrução identitária frente à medicalização do sofrimento existencial e social. Demonstra-se que o regime punitivo emprega a psicofarmacologia como um sofisticado dispositivo de biopoder, visando o silenciamento químico da subjetividade. Em contraponto a essa estratégia de controle, introduz-se a Pedagogia da Sombra como um novo paradigma: acolher o trauma e o estigma (a “sombra”) e transformá-los em consciência crítica e capacidade de transformação. A metodologia é qualitativa, teórico-reflexiva e hermenêutico-crítica, centrada na análise das dinâmicas de poder e saber no cárcere. A fundamentação articula a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire, a Crítica Institucional (Goffman) e as teorias do poder de Foucault, complementadas pela crítica contemporânea à psiquiatria de Moncrieff (2008). A conclusão é que a EJA se estabelece como um agente que se opõe estruturalmente à lógica punitiva e de controle químico. O paradigma da Pedagogia da Sombra oferece o arcabouço para transmutar a passividade induzida pelo fármaco em motivação de transformação da realidade, reafirmando a educação como a última trincheira da dignidade humana no cárcere.
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