A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA NO BRASIL

Resumo

A influência das redes sociais na formação da opinião pública no Brasil tem sido um fenômeno de crescente relevância, especialmente com o avanço da digitalização e da conectividade. A justificação para o estudo desse tema reside no impacto significativo que essas plataformas exercem sobre os processos democráticos, na disseminação de informações e na construção das percepções sociais. A popularização das redes sociais transformou a forma como os indivíduos acessam e compartilham informações, tornando-se um espaço fundamental para debates políticos, mobilizações sociais e difusão de discursos. No entanto, esse ambiente digital também apresenta desafios como a manipulação de informações, o uso de algoritmos para direcionamento de conteúdos e a proliferação de fake news, que afetam diretamente a formação da opinião pública (MEIRELES, 2021). Assim, compreender a dinâmica dessas influências é essencial para avaliar o impacto das redes sociais no processo democrático e na tomada de decisões dos cidadãos.

O problema de pesquisa que orienta esta investigação pode ser formulado da seguinte maneira: de que forma as redes sociais influenciam a formação da opinião pública no Brasil, considerando os desafios impostos pelo uso de inteligência artificial, pela disseminação de fake news e pela lógica dos algoritmos de recomendação? A complexidade dessa questão se evidencia na forma como as mídias sociais operam dentro do contexto de vigilância digital e capitalismo de dados, em que os usuários estão constantemente expostos a conteúdos moldados por interesses comerciais e políticos (DE OLIVEIRA FORNASIER; CAMARGO; CASSOL, 2021). As plataformas digitais desempenham um papel central na difusão de discursos, seja por meio da interação entre usuários, seja pela mediação de influenciadores e veículos de comunicação que utilizam essas ferramentas para ampliar seu alcance e impacto.

Os objetivos deste estudo incluem analisar os mecanismos pelos quais as redes sociais contribuem para a formação da opinião pública, considerando o papel dos algoritmos na filtragem e na priorização de informações. Além disso, busca-se avaliar o impacto das fake news e da pós-verdade no cenário político brasileiro, especialmente nas eleições recentes, onde a desinformação se tornou uma preocupação central para a integridade eleitoral (DO AMARAL PARESQUI; DE OLIVEIRA; LEITE, 2025). Outra meta essencial é compreender como a opinião pública se organiza e responde aos estímulos vindos dessas plataformas, observando as interações entre atores políticos, jornalistas e cidadãos na construção de narrativas. A influência das redes sociais também pode ser observada na forma como determinados discursos são amplificados ou silenciados, dependendo das diretrizes das plataformas e da forma como os conteúdos são promovidos ou restringidos por políticas de moderação (SAAD, 2020).

O estudo da relação entre redes sociais e opinião pública no Brasil se insere em um contexto global de preocupação com a disseminação da desinformação e com os impactos que essas novas dinâmicas comunicacionais exercem sobre o debate democrático. O conceito de pós-verdade, por exemplo, tem sido cada vez mais utilizado para explicar como emoções e crenças pessoais frequentemente se sobrepõem aos fatos na formulação de opiniões políticas e sociais (DE CASTRO AZEVEDO; LIMA, 2020). Esse fenômeno é agravado pela segmentação algorítmica, que cria bolhas informacionais e reforça visões de mundo preexistentes, dificultando o diálogo entre diferentes perspectivas e contribuindo para a polarização social. Assim, a formação da opinião pública não ocorre mais apenas por meio de debates tradicionais na esfera pública, mas sim dentro de ambientes digitais controlados por grandes corporações, cujo interesse principal está na maximização do engajamento e não necessariamente na promoção de um debate saudável e equilibrado.

Outro aspecto fundamental da influência das redes sociais na opinião pública está relacionado à sua utilização estratégica por figuras políticas e instituições governamentais. No Brasil, casos como a atuação do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo no Twitter demonstram como essas plataformas são utilizadas para construir narrativas, mobilizar apoiadores e reforçar determinados discursos políticos (RAMALHO et al., 2020). Essas práticas evidenciam a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a intersecção entre política, comunicação digital e formação da opinião pública, especialmente em um contexto no qual a confiança nas instituições tradicionais de mídia tem sido constantemente questionada.