A FORMAÇÃO DOCENTE COMO FATOR DETERMINANTE PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA

Resumo

.Discutir a inclusão escolar, na contemporaneidade, não constitui uma escolha opcional, mas uma exigência imposta pelas demandas sociais e educacionais do tempo presente. Dentre os múltiplos aspectos que permeiam essa discussão, destaca-se uma questão fundamental: o que significa, de fato, incluir estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ensino regular? Embora a legislação brasileira assegure o direito de acesso à educação, torna-se evidente que a matrícula, por si só, não é suficiente para garantir uma inclusão efetiva. A experiência prática revela que a permanência e o aprendizado significativo desses estudantes dependem de condições concretas e estruturais que vão além do cumprimento formal da lei. Este artigo propõe-se a examinar um ponto nevrálgico desse processo: a formação docente. Não se trata de uma ênfase desproporcional, mas de um reconhecimento da centralidade do professor na promoção de práticas inclusivas. Evidências mostram que profissionais da educação pouco preparados tendem a experimentar sentimentos de insegurança, impotência e frustração frente aos desafios da inclusão. Em contrapartida, docentes que têm acesso a processos formativos contínuos e contextualizados demonstram maior capacidade de ampliar seus repertórios pedagógicos, construindo respostas mais criativas e eficazes às necessidades dos alunos com TEA. Para sustentar essa análise, são mobilizados marcos legais nacionais, referenciais teóricos consagrados — como Vygotsky, Bronfenbrenner, Tardif e Nóvoa —, bem como estudos e pesquisas recentes desenvolvidos no Brasil. A hipótese que orienta este trabalho é simples, embora desafiadora: a inclusão escolar somente se concretiza de maneira plena quando o professor é devidamente valorizado, apoiado e formado para lidar com a diversidade. Caso contrário, corre-se o risco de reduzir os direitos educacionais a uma mera formalidade burocrática, esvaziando seu potencial transformador.