ANTICOAGULAÇÃO EM FIBRILAÇÃO ATRIAL EM PACIENTES IDOSOS: BALANÇO ENTRE RISCO TROMBÓTICO E RISCO HEMORRÁGICO

Resumo

A fibrilação atrial (FA), arritmia de maior incidência em idosos, relaciona-se diretamente ao aumento do risco de complicações tromboembólicas, como o acidente vascular cerebral (AVC). A terapia anticoagulante, embora essencial para prevenção, requer uma análise criteriosa entre a proteção contra eventos trombóticos e o potencial de sangramentos, especialmente em pacientes com fragilidade, múltiplas comorbidades e uso de diversos medicamentos. Este estudo, baseado em revisão sistemática de literatura nas plataformas SciELO e PubMed (artigos publicados entre 2014 e 2020), evidencia a importância de ferramentas de estratificação de risco, como os escores CHA₂DS₂-VASc e HAS-BLED, para guiar a anticoagulação em idosos com FA. Os anticoagulantes orais diretos (DOACs), posicionam-se como alternativas seguras frente à varfarina, com redução significativa de hemorragias intracranianas (30-50%) e menor necessidade de monitoração laboratorial. Em casos de comprometimento renal, ajustes de dose e acompanhamento regular são imprescindíveis, enquanto a varfarina mantém indicação restrita a situações específicas, como próteses valvares mecânicas. Idosos com histórico de quedas ou sangramentos prévios beneficiam-se de abordagens individualizadas, combinando intervenções farmacológicas e não farmacológicas, como controle de fatores de risco cardiovascular e prevenção de traumas. Conclui-se que a anticoagulação, quando adequadamente personalizada conforme perfil clínico e funcional do paciente, apresenta balanço favorável entre riscos e benefícios, reduzindo morbimortalidade. A integração de estratégias multidisciplinares e a educação continuada são fundamentais para otimizar adesão e segurança terapêutica nessa população.