AVALIAÇÃO CLÍNICA DA FIBRILAÇÃO ATRIAL E TRATAMENTO CIRÚRGICO VALVAR
DOI:
https://doi.org/10.51891/rease.v9i10.12210Palavras-chave:
Fibrilação atrial. Tratamento cirúrgico. Valvopatia mitral. MAZE e comparação.Resumo
Introdução: A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia cardíaca caracterizada por uma atividade elétrica anormal e desordenada dos átrios, que resulta em uma contração atrial ineficaz e irregular. A FA é uma das principais causas de morbidade e mortalidade cardiovascular, sendo associada a um aumento do risco de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e demência. O tratamento da FA visa controlar a frequência e o ritmo cardíaco, prevenir eventos tromboembólicos e tratar a causa subjacente. O tratamento farmacológico da FA é limitado pela baixa eficácia, pelos efeitos adversos e pela necessidade de monitorização. O tratamento cirúrgico da FA é uma opção terapêutica para pacientes com FA permanente e com indicação de cirurgia cardíaca concomitante, como a correção da valva mitral. O tratamento cirúrgico da FA consiste na realização de incisões ou ablações no tecido atrial, com o objetivo de interromper os circuitos de reentrada responsáveis pela manutenção da arritmia e restaurar o ritmo sinusal. O procedimento cirúrgico mais utilizado para o tratamento da FA é o MAZE que apresenta uma alta taxa de sucesso na reversão da FA, mas também apresenta uma alta complexidade técnica, um tempo prolongado de circulação extracorpórea e um risco elevado de sangramento. Objetivo: avaliar a eficácia do tratamento cirúrgico da FA em pacientes com valvopatia mitral, comparando o procedimento MAZE com outras técnicas cirúrgicas ou com o tratamento farmacológico. Metodologia: A metodologia desta revisão sistemática foi baseada no checklist PRISMA. As bases de dados utilizadas para a busca de estudos foram PubMed, Scielo e Web of Science. Os descritores utilizados foram: fibrilação atrial, tratamento cirúrgico, valvopatia mitral, MAZE e comparação. A estratégia de busca foi adaptada para cada base de dados, utilizando os operadores booleanos e os filtros adequados. Foram incluídos na revisão os estudos publicados nos últimos 10 anos, que avaliaram o tratamento cirúrgico da FA em pacientes com valvopatia mitral, que compararam o MAZE com outras técnicas cirúrgicas ou com o tratamento farmacológico, e que relataram os desfechos de interesse, como a reversão da FA, a ocorrência de eventos tromboembólicos, a mortalidade e a qualidade de vida. Foram excluídos da revisão os estudos que não atenderam aos critérios de inclusão, os estudos duplicados, os estudos com baixa qualidade metodológica e os estudos que não apresentaram dados suficientes para a análise. Resultados: Foram selecionados 12 estudos. A metanálise mostrou que o MAZE foi superior às outras intervenções na reversão da FA, com um risco relativo de 0,42 (IC 95%: 0,36-0,49; p < 0,00001), e na prevenção de eventos tromboembólicos, com um risco relativo de 0,28 (IC 95%: 0,15-0,53; p = 0,0001). Não houve diferença significativa entre o MAZE e as outras intervenções na mortalidade, com um risco relativo de 0,89 (IC 95%: 0,54-1,46; p = 0,64), e na qualidade de vida, com uma diferença média de 1,23 (IC 95%: -2,76-5,22; p = 0,55). A heterogeneidade entre os estudos foi moderada para os desfechos de reversão da FA e de eventos tromboembólicos, e alta para os desfechos de mortalidade e de qualidade de vida. Conclusão: A revisão sistemática de literatura mostrou que o tratamento cirúrgico da FA em pacientes com valvopatia mitral, utilizando o procedimento MAZE, foi eficaz na reversão da arritmia e na redução do risco de eventos tromboembólicos, sem aumentar a mortalidade ou comprometer a qualidade de vida, quando comparado com outras técnicas cirúrgicas ou com o tratamento farmacológico. O MAZE pode ser considerado uma opção terapêutica segura e efetiva para pacientes com FA permanente e com indicação de cirurgia cardíaca concomitante. No entanto, os resultados devem ser interpretados com cautela, devido à heterogeneidade entre os estudos, à qualidade metodológica moderada e à limitação dos dados disponíveis. São necessários mais estudos de alta qualidade para confirmar os benefícios do MAZE e para compará-lo com outras modalidades de tratamento cirúrgico da FA.
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