IMPACTO DAS TERAPIAS HORMONAIS NA SAÚDE CARDIOVASCULAR: REVISÃO DAS EVIDÊNCIAS ATUAIS

Resumen

As terapias hormonais são amplamente utilizadas no manejo de condições como menopausa e hipogonadismo, mas seu impacto na saúde cardiovascular permanece controverso. Esta revisão integrativa visa sintetizar as evidências atuais sobre os efeitos cardiovasculares das terapias hormonais, abrangendo estrogênio, progesterona e testosterona. A pesquisa incluiu estudos publicados nos últimos 20 anos, utilizando bases de dados como PubMed, Scopus, Web of Science e Embase. Foram analisados 15 estudos, incluindo ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais, revisões sistemáticas e meta-análises. Os resultados indicam uma complexidade nos efeitos das terapias hormonais na saúde cardiovascular. A terapia de reposição hormonal (TRH) combinada de estrogênio e progesterona em mulheres pós-menopáusicas está associada a um aumento no risco de eventos cardiovasculares, especialmente em mulheres mais velhas ou com fatores de risco preexistentes. No entanto, o início precoce da TRH próximo ao início da menopausa pode oferecer benefícios cardiovasculares. A administração de estrogênio isolado em mulheres histerectomizadas apresenta um perfil de risco diferente, com possíveis benefícios na redução da doença coronariana, mas um aumento no risco de acidente vascular cerebral (AVC). A terapia de reposição de testosterona (TRT) em homens hipogonádicos também apresenta uma relação complexa com a saúde cardiovascular. Alguns estudos indicam um aumento no risco de eventos cardiovasculares, enquanto outros sugerem benefícios, como a melhoria do perfil lipídico e da composição corporal. A via de administração das terapias hormonais é um fator crítico, com evidências sugerindo que a administração transdérmica pode estar associada a menores riscos de eventos tromboembólicos em comparação com as vias oral e intramuscular. A revisão sublinha a importância de uma avaliação individualizada dos riscos e benefícios das terapias hormonais, considerando o perfil de risco cardiovascular de cada paciente. As limitações dos estudos revisados, como a heterogeneidade nos desenhos de estudo e a dependência de dados observacionais, destacam a necessidade de mais ensaios clínicos randomizados bem desenhados com acompanhamento a longo prazo. Futuras pesquisas devem focar em comparar diferentes vias de administração e dosagens, além de investigar os mecanismos biológicos subjacentes aos efeitos cardiovasculares das terapias hormonais. Conclui-se que as terapias hormonais podem ter efeitos diversos na saúde cardiovascular, influenciados por múltiplos fatores. A prática clínica deve ser guiada por uma avaliação rigorosa e individualizada dos riscos e benefícios, informada pelas evidências mais recentes. A continuidade da pesquisa é essencial para melhorar a segurança e eficácia dessas intervenções terapêuticas.