DA CASA DE SAÚDE DO RIO MAINA AO SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO: O DESCREDENCIAMENTO DOS LEITOS PSIQUIÁTRICOS E O PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM CURSO

Resumo

A Reforma Psiquiátrica Brasileira é um complexo processo político e social de mudança do modelo psiquiátrico para o modelo psicossocial, que avança por marcos jurídico-políticos para o fechamento dos Hospitais Psiquiátricos. Para as pessoas com histórico de longa internação psiquiátrica e que pelas sequelas do Hospital Psiquiátrico se deparam com a realidade concreta de não ter mais um lugar para morar, cria-se no Sistema Único de Saúde o Serviço Residencial Terapêutico, espaço que configura-se como local de moradia para essas pessoas. Nesse sentido, esse artigo tem como objetivo compreender como ocorreu o processo de desinstitucionalização e reabilitação psicossocial dos moradores de longa permanência da Casa de Saúde do Rio Maina, um Hospital Psiquiátrico que se localizava em Criciúma-SC. O estudo utilizou pesquisa participante do tipo exploratória e descritiva com abordagem qualitativa. Utilizou-se autonarrativas e análise do discurso como ferramentas de pesquisa, para análise dos dados utilizou-se o referencial de Laurence Bardin. Foram realizadas 4 entrevistas utilizando-se a técnica Snowball e os resultados foram divididos em duas categorias: “O cenário entre 2010-2013, os instrumentos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, as condições dos moradores, a tentativa de desinstitucionalização”, onde apresenta a primeira tentativa de desinstitucionalização dos moradores da Casa de Saúde do Rio Maina e apresenta como estava o cenário e as condições dos moradores na ocasião. A segunda categoria nomeia-se “O cenário entre 2017 até os dias atuais, como aconteceu o descredenciamento dos leitos psiquiátricos, o respectivo fechamento do Hospital Psiquiátrico do Rio Maina, desinstitucionalização e reabilitação psicossocial” que apresenta como o avanço da Reforma Psiquiátrica Brasileira contribuiu para o fechamento do Hospital Psiquiátrico do Rio Maina, as novas casas dos moradores, o debate se houve ou não a desinstitucionalização dos moradores e a consequente reabilitação psicossocial. Conclui-se que a desinstitucionalização, não é apenas o fechamento das portas dos manicômios, mas a abertura de novos caminhos que permitam a reinvenção de uma sociedade mais estreitamente ligada às suas diferenças.