CORREÇÃO CIRÚRGICA DA COARCTAÇÃO DA AORTA NA INFÂNCIA E RISCO DE HIPERTENSÃO NA VIDA ADULTA
DOI:
https://doi.org/10.51891/rease.v1i2.19242Resumo
Introdução: A coarctação da aorta é uma cardiopatia congênita caracterizada por um estreitamento localizado da aorta, geralmente na região ístmica. Esta obstrução acarreta um aumento da pós-carga para o ventrículo esquerdo e pressões elevadas nos segmentos arteriais proximais à coarctação, enquanto as pressões distais são reduzidas. A correção cirúrgica durante a infância é o tratamento estabelecido para aliviar o gradiente de pressão e restaurar o fluxo sanguíneo adequado. No entanto, observações clínicas ao longo das décadas revelaram que, mesmo após uma correção anatômica considerada bem-sucedida, estes pacientes permanecem com um risco aumentado de morbidades cardiovasculares na vida adulta, com a hipertensão arterial sistêmica emergindo como a complicação mais prevalente e desafiadora a longo prazo. Objetivo: O objetivo desta revisão sistemática da literatura foi investigar a prevalência e os fatores associados ao desenvolvimento de hipertensão na vida adulta em pacientes submetidos à correção cirúrgica de coarctação da aorta durante a infância. Metodologia: Foi conduzida uma revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes do checklist PRISMA. A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas PubMed, SciELO e Web of Science, utilizando os descritores: "Aortic Coarctation", "Surgery", "Childhood", "Adult" e "Hypertension". Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos. Os critérios de inclusão consistiram em estudos que acompanharam pacientes submetidos à correção cirúrgica de coarctação da aorta na infância até a vida adulta, reportando dados sobre a incidência ou prevalência de hipertensão. Foram excluídos estudos focados exclusivamente em tratamento percutâneo, pacientes operados apenas na idade adulta ou que não apresentaram follow-up na vida adulta. Resultados: Os estudos analisados demonstraram consistentemente que pacientes submetidos à correção cirúrgica de coarctação da aorta na infância exibiram uma alta prevalência de hipertensão na vida adulta, mesmo na ausência de coarctação significativa. A idade no momento da correção pareceu influenciar o risco, com reparos realizados precocemente na infância associados a um menor risco de hipertensão tardia em comparação com reparações mais tardias, mas sem eliminar completamente o risco. Mecanismos como alterações estruturais e funcionais na árvore arterial proximal à coarctação, desenvolvidas antes da correção, foram postulados como contribuintes para a persistência do risco hipertensivo. Conclusão: A correção cirúrgica da coarctação da aorta realizada na infância, embora fundamental para o manejo agudo e a sobrevida, não conferiu proteção completa contra o desenvolvimento de hipertensão arterial na vida adulta. A alta prevalência de hipertensão tardia destacou a necessidade crítica de monitoramento cardiovascular contínuo e manejo rigoroso da pressão arterial ao longo da vida em todos os indivíduos com histórico de coarctação da aorta, independentemente do sucesso da correção inicial.
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