A MATERNIDADE E O CÁRCERE

Autores

  • Alvacir Oliveira da Silva Faculdade - Anhanguera
  • Lia Zilei de Farias Pires  Universidade Católica de Pelotas
  • Antonio Mendes Valente  Universidade Católica de Pelotas
  • Valdoir de Deus dos Santos Universidade Católica de Pelotas
  • Robson Glei Terra da Silva Universidade Católica de Pelotas
  • Vanuza Domingues Lafuente Universidade Unopar Pelotas

Palavras-chave:

Encarceramento Feminino. Maternidade no Cárcere. Habeas Corpus Coletivo. Lei 13.769/2018.

Resumo

O sistema prisional brasileiro, concebido sob uma perspectiva essencialmente masculina, revela suas mais profundas contradições quando observamos a situação específica das mulheres encarceradas que vivenciam a maternidade. Este livro se propõe a analisar minuciosamente essa realidade complexa, que envolve não apenas questões jurídicas, mas também profundos dilemas sociais, psicológicos e de gênero. Através de uma abordagem multidisciplinar, combinando direito, psicologia, serviço social e antropologia, buscamos desvelar os múltiplos aspectos desse fenômeno, oferecendo ao leitor uma compreensão abrangente e humanizada sobre os desafios enfrentados por mães presas e seus filhos no contexto carcerário brasileiro.

No Capítulo 1: Raízes da Pesquisa - Trajetórias Pessoais e Fundamentos Conceituais sobre Maternidade Prisional, partimos de uma narrativa autobiográfica que revela o processo de descoberta e envolvimento da autora com a temática da maternidade no cárcere. Através de um relato sensível e reflexivo, acompanhamos sua jornada desde os primeiros contatos com histórias de mulheres encarceradas até o amadurecimento de uma pesquisa acadêmica comprometida com a transformação social. A análise sociodemográfica apresentada revela dados alarmantes: cerca de 62% das mulheres presas no Brasil são mães, em sua maioria jovens (entre 18 e 29 anos), negras (68%), com baixa escolaridade e oriundas de camadas sociais vulneráveis. O capítulo ainda estabelece os principais conceitos teóricos que fundamentam a obra, como "vulnerabilidade estrutural", "violência institucional de gênero" e "maternidade encarcerada", oferecendo ao leitor as ferramentas conceituais necessárias para compreender os capítulos subsequentes.

Já o capítulo 2: O HC Coletivo 143.641 em Análise - Conquistas Jurídicas e Barreiras na Realidade Carcerária Feminina, neste capítulo, o cerne jurídico da obra, dedicando-se a uma análise crítica e detalhada do histórico Habeas Corpus Coletivo nº 143.641, concedido pelo Supremo Tribunal Federal em 2018. Através de uma metodologia que combina análise documental, estudo de jurisprudência e entrevistas com operadores do direito, examinamos minuciosamente cada um dos votos ministeriais, destacando tanto os avanços conceituais quanto as resistências presentes nos argumentos dos ministros. A transformação dessa decisão na Lei nº 13.769/2018 é analisada em seus aspectos técnicos e práticos, revelando como a letra da lei frequentemente esbarra em obstáculos estruturais: desde a morosidade processual até a persistência de uma cultura punitivista enraizada no sistema de justiça. Estudos de caso concretos ilustram a distância entre a teoria jurídica e a realidade prisional, mostrando como mesmo direitos formalmente reconhecidos encontram barreiras em sua efetivação.

O capítulo final, Vínculos Rompidos - Os Efeitos Psicoemocionais da Prisão Materna e a Defesa da Primeira Infância,  mergulha nas consequências mais profundas e dolorosas do encarceramento materno, adotando uma perspectiva psicossocial e desenvolvimentista. Baseado em pesquisas de campo e revisão bibliográfica interdisciplinar, examinamos os impactos psicológicos específicos sofridos por mulheres que vivenciam a maternidade no cárcere, incluindo quadros de depressão pós-parto agravada, síndrome do luto antecipatório e transtornos de ansiedade. A análise do desenvolvimento infantil nesse contexto revela dados igualmente preocupantes: crianças que vivem em unidades prisionais apresentam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor em 73% dos casos, enquanto aquelas separadas de suas mães mostram índices elevados de problemas de apego e comportamento. O capítulo também aborda as condições obstétricas nas prisões brasileiras, onde 84% das gestantes não recebem acompanhamento pré-natal adequado. Na conclusão, apresentamos modelos alternativos bem-sucedidos, como as unidades materno-infantil do estado do Paraná e as experiências de justiça restaurativa aplicadas ao contexto da maternidade encarcerada, apontando caminhos possíveis para uma abordagem mais humana e eficaz.

Esta obra se destina não apenas a acadêmicos e profissionais do direito, mas a todos os cidadãos preocupados com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Com linguagem acessível, porém sem perder o rigor científico, buscamos criar uma ponte entre o conhecimento especializado e o público geral, na convicção de que somente através da ampla conscientização social poderemos transformar essa realidade tão cruel quanto negligenciada. Os recursos multimídia incluídos na versão digital - como depoimentos em áudio, infográficos interativos e documentos históricos digitalizados - enriquecem a experiência de leitura, permitindo uma imersão mais profunda nessa realidade complexa e multifacetada.

Alvacir Oliveira da Silva

Lia Zilei de Farias Pires

Antonio Mendes Valente

Valdoir de Deus dos Santos

Robson Glei Terra da Silva

Vanuza Domingues Lafuente

 

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Biografia do Autor

Alvacir Oliveira da Silva, Faculdade - Anhanguera

Tecnólogo em Segurança Pública. Faculdade - Anhanguera .

Lia Zilei de Farias Pires , Universidade Católica de Pelotas

Tecnólogo em Pública e Privada. Faculdade Universidade Católica de Pelotas.

Antonio Mendes Valente , Universidade Católica de Pelotas

Tecnólogo em Segurança Pública. Faculdade Anhanguera.

Valdoir de Deus dos Santos, Universidade Católica de Pelotas

Tecnólogo em Segurança Pública e Privada. Universidade Católica de Pelotas.

Robson Glei Terra da Silva, Universidade Católica de Pelotas

Bacharel em Ciências Econômicas. Universidade Católica de Pelotas.

Vanuza Domingues Lafuente, Universidade Unopar Pelotas

Bacharel em Serviço Social Universidade Unopar Pelotas.

 

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Publicado

2025-03-27

Como Citar

Oliveira da Silva, A., Zilei de Farias Pires , L., Mendes Valente , A., de Deus dos Santos, V., Glei Terra da Silva, R., & Domingues Lafuente, V. (2025). A MATERNIDADE E O CÁRCERE. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 21–65. Recuperado de https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/18484

Edição

Seção

E-books

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