JUSTIÇA NA EDUCAÇÃO E MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA

https://doi.org/10.29327/211653.6.6-7

Resumo

As pesquisas que desenvolvemos no Laboratório de Pesquisas Sociológicas Pierre Bourdieu (LAPSB/UFSC) sobre justiça na educação, possibilitaram o recorte em que analisamos a crescente patologização com consequente medicalização das crianças com diagnóstico de TADH em idade escolar. Ao aprofundarmos os estudos verificamos que fatores como comportamentos considerados desviantes pelos profissionais da educação têm sido relacionados à dificuldade de aprendizagem escolar e desencadeado processos que levam à patologização de muitas vidas na infância. Essa constatação leva a escola a ser considerada como uma das agências legitimadoras das diferenças sociais ao individualizar e personificar nos estudantes os seus obstáculos à aprendizagem escolar e ao criar um padrão de comportamento considerado normal que, simultaneamente, estabelece um padrão para a anormalidade. Muitas escolas particularizam as diferentes expressões das crianças como consequências de problemas biopsíquicos, dessa forma, analisam outros contextos e nem precisam reformular suas estruturas de trabalho. Ao trocar possibilidades pedagógicas por medicalização das crianças, a escola ajuda a construir a identidade do patologizado, aquele que passará a ser compreendido como uma vítima do destino, da qual a escola vai perspectivar sua aprendizagem pelo limite e não pela possibilidade. Nossa perspectiva sociológica na análise deste cenário visa desvelar a produção de patologias biopsíquicas que servem também para a promoção de injustiças no campo da educação.