A CULTURA DA MAGREZA COMO FATOR SOCIAL NA ETIOLOGIA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM MULHERES: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

doi.org/10.29327/217514.7.1-12

Autores/as

  • Ísis Gois FIOCRUZ
  • Aline Liz de Faria Universidade de Taubaté

Palabras clave:

Cultura. Transtornos alimentares. Imagem corporal. Estigma.

Resumen

 A difusão de práticas emagrecedoras na população feminina é uma assertiva do cotidiano contemporâneo; e uma concebível consequência da internalização do ideal magro, permeado a uma cultura de culto a corpos moldados severamente. Neste contexto, a cultura ocidental oferta um paradoxo: uma inimaginável variedade de alimentos de alta densidade energética e palatabilidade; enquanto requisita um corpo referência e abnegação de comportamentos alinhados aos alimentos ofertados: deve-se questionar a ascendência da “obesidade como problema de saúde pública” e a influência dessas imposições culturais sobre os distúrbios alimentares e o comer transtornado. Com isto, objetivo deste estudo é identificar a relação entre a cultura da magreza; como possível fator condicionante; e as desordens alimentares. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, na qual foram utilizadas as bases de dados do Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o Portal CAPES; utilizando os descritores “cultura” (culture) e “transtornos alimentares” (feeding and eating disorders), fazendo-se uso do operador booleano “AND”. Os termos foram confirmados pelo DeSC/MeSh e utilizados na língua portuguesa e inglesa com delimitação do período de abrangência de 2014 a 2019. Restringindo-se a estudos escritos em português, inglês e espanhol. Assim, foram inclusos na revisão dezenove estudos, os quais demonstraram as pressões socioculturais sobre o gênero feminino e as particularidades da relação multifatorial no desenvolvimento de transtornos alimentares. Identificou-se que mulheres imigrantes, negras e transgêneros são mais suscetíveis a insatisfações corporais e alterações no comportamento alimentar: comer transtornado e transtornos alimentares, por experimentarem estresse aculturativo e estresse de grupos vulneráveis. Além disso, o construto social de feminilidade está associado à magreza, fome e jejuns como um caminho a uma conversão moral. Os valores morais estão ligados a um corpo magro “que se controla” e que não cede às necessidades básicas, como a fome. Portanto, o corpo gordo é visto socialmente como um corpo que transgride a norma; um corpo portador de um estigma social; o que leva a discriminações provenientes inclusive de profissionais da saúde. As mídias sociais imagéticas participam ativamente desta construção do que é um “corpo ideal” na sociedade; facilitando a comparação social entre indivíduos, o que é um forte preditor de insatisfações corporais. Portanto, conclui-se assim que há uma relação e mediação entre, uma sequência que perpassa por fatores socioculturais ligados a moral, internalização do ideal preconizado, comparação social e o papel das mídias sociais, insatisfação corporal e distúrbios com a imagem corporal, risco de alteração no comportamento alimentar e desenvolvimento de transtornos alimentares. No entanto, esta relação possui formas diretas e indiretas de ocorrerem, não necessariamente segundo esta ordem. Como também identificou a necessidade de acompanhamentos em saúde e políticas públicas que utilizem uma abordagem mais integrativa e trabalhem com uma imagem corporal mais saudável.

Biografía del autor/a

Ísis Gois, FIOCRUZ

Possui graduação em Nutrição e Aperfeiçoamento Ambulatorial em Nutrição e Saúde Coletiva pela Universidade de Taubaté. Atualmente cursa Especialização em Comportamento Alimentar pela Faculdade Global e é aluna especial no Programa de Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ cursando a disciplina isolada: Corporalidade e Violência. Atua como nutricionista, ministra palestras nas áreas de saúde, gênero e sexualidade e é nutricionista voluntária no Ambulatório de Dietética e Alimentos Funcionais da Universidade Federal Fluminense, na qual orienta o Projeto de Extensão: Atendimento ambulatorial de pessoas transgêneros - Dietética e Alimentos funcionais na promoção de saúde e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). E-mail: isisgoisnutri@gmail.com.

Aline Liz de Faria, Universidade de Taubaté

Professora efetiva no curso de Nutrição da Universidade de Taubaté. Mestre em Desenvolvimento Humano, Práticas e Políticas Sociais. Especialização em Nutrição Clínica e Tratamento multidisciplinar da Obesidade. Coordenadora do Centro de Educação Alimentar e Terapia Nutricional (CEATENUT), professora de estágio supervisionado em Atenção Secundaria em Nutrição (CEATENUT), participa do programa de Aperfeiçoamento em Atendimento Ambulatorial na Universidade de Taubaté - CEATENUT, professora das disciplinas de Avaliação Nutricional I e II e Introdução a Gastronomia, professora responsável pela Oficina de Nutrição no Projeto de Extensão de Atenção integral ao Envelhecimento - PAIE. Instituição: Universidade de Taubaté. E-mail: lizfaria1@hotmail.com.

Publicado

2021-01-30

Cómo citar

Gois, Ísis ., & Faria, A. L. de . (2021). A CULTURA DA MAGREZA COMO FATOR SOCIAL NA ETIOLOGIA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM MULHERES: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA: doi.org/10.29327/217514.7.1-12. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 7(1), 18. Recuperado a partir de https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/440