TERAPIA DE PRESSÃO NEGATIVA NA SÍNDROME DE FOURNIER: REVISÃO DE LITERATURA

Resumo

Síndrome de Fournier é uma doença infecciosa caracterizada por fasciíte necrotizante que afeta, principalmente, regiões do períneo, genitália externa ou região perianal em homens e mulheres, sendo mais comum em indivíduos do sexo masculino. É descrita como uma Infecção Necrotizante de Tecidos Moles (INTM), com taxa de mortalidade que pode alcançar até 30%. Os fatores de risco incluem diabetes mellitus e outras doenças crônicas, alcoolismo e doenças imunossupressoras. Fatores predisponentes e etiológicos proporcionam condições favoráveis, debilitando a imunidade do hospedeiro e fornecendo uma via de inoculação para os microrganismos. O presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura narrativa sobre a utilização da terapia de pressão negativa na Síndrome de Fournier. A revisão do tipo narrativa foi construída a partir da leitura de artigos científicos, os quais foram publicados em periódicos indexados em bases de dados, como Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Para realizar a busca, utilizou-se descritores do vocabulário estruturado dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): "Gangrena de Fournier", “Fasciite Necrosante” e “Tratamento de Ferimentos com Pressão Negativa”, e seus correspondentes em inglês. Foram considerados artigos de pesquisa disponíveis e originais, relacionados à temática em estudo, publica dos em língua portuguesa e/ou inglês entre 2017 e 2022. A Síndrome de Fournier apresenta alta morbimortalidade, tendo em vista que 40% dos pacientes com a doença desenvolvem sespe. A infecção é polimicrobiana, envolvendo bactérias Gram positivas e negativas, aeróbias e anaeróbias; contudo, há relatos de que fungos também podem estar envolvidos. Os fatores de virulência dos microrganismos são essenciais para o seu poder invasor, causando, hipóxia, oclusão vascular, agregação plaquetária e destruição tissular. O diagnóstico precoce, fundamental para o tratamento adequado, envolve observações dos sinais clínicos e a utilização de exames de imagem. O tratamento é realizado com desbridamento cirúrgico severo para remover todo o tecido necrosado, antibioticoterapia de amplo espectro e estabilização do paciente. O uso da terapia a vácuo tem se destacado como um dos manejos no tratamento de feridas complexas. A pressão negativa que é aplicada neste procedimento visa promover retirada de fluidos, reduzir a população bacteriana e promover o fluxo sanguíneo local e a formação do tecido de granulação. Além disso, aumenta o oxigênio disponível no local, promovendo a angiogênese e, portanto, diminuindo o tempo de cicatrização. Alguns estudos mencionam que não há diminuição do tempo de internação do paciente; contudo, ficou comprovado que a terapia a vácuo reduziu a mortalidade de pacientes acometidos com Síndrome de Fournier. Assim, esta terapia permite o avanço da cicatrização das feridas, aumentando a qualidade de vida do paciente e sendo efetivo no tratamento das lesões.